Depoisde dois anos da geladeira, o presidente da Federação Brasileira de Bancos(Febraban), Murilo Portugal, será recebido em uma audiência pela presidenteDilma Rousseff, nesta segunda-feira, como informa a agenda oficial do Paláciodo Planalto. Diante da necessidade de melhorar as relações com o mercadofinanceiro, a chefe do Executivo decidiu deixar as rusgas de lado e atender umpedido de Portugal.
Adecisão de Dilma de fechar as portas ao presidente da Febraban fazia parte domarketing do governo de enfrentar os bancos para reduzir os juros cobrados dosconsumidores. No feriado de 1º de maio de 2012, no auge da popularidade, apresidente fez um discurso no qual atacava o sistema financeiro. Naquelemomento, declarou que faria uma cruzada para baixar o custo do dinheiro ederrubar o spread bancário (a diferença entre o que as instituições financeiraspagam aos investidores e o que cobram dos devedores).
Paraforçar os bancos a seguirem na direção desejada pelo Planalto, o ministro daFazenda, Guido Mantega, convocou Murilo Portugal para uma reunião em Brasília.Ao deixar a sede da Fazenda, o presidente da Febraban disse que "a bolaestava com o governo".
Elehavia entregado ao ministro uma lista com propostas para reduzir o spread, acomeçar pelo corte de impostos. Mantega ficou uma arara com a ousadia dePortugal. Considerou um desrespeito a frase do executivo. Desde então, nem elenem Dilma conversaram mais com Portugal. Os dois o colocaram na geladeira. Ointerlocutor do governo com os bancos passou a ser o presidente do Bradesco,Luiz Carlos Trabuco.
Amudança de postura de Dilma tem tudo a ver com o que aconteceu com os spreads eos juros. Num primeiro momento, as taxas caíram, acompanhando o corte dos jurosbásicos da economia (Selic) promovido pelo Banco Central. Mas tão logo essamedida se mostrou um equívoco, devido à disparada da inflação, e a Seliccomeçou a subir, os encargos cobrados pelos bancos aumentaram. Hoje, estãoquase no mesmo nível de quando Dilma começou a cruzada contra o sistema financeiro.
Agoraque não tem mais a bandeira dos juros baixos para exibir e está com a imagemarranhadíssima junto aos investidores, Dilma busca a aproximação com opresidente da Febraban. Pelo menos, a retomada do diálogo com o Planalto traráum benefício a Portugal. Ele ganha força para ser reconduzido à presidência daentidade que representa os banqueiros. Havia dúvida no setor se valia a pena aFebraban insistir em manter um executivo do mercado na presidência da entidade,se ele não conseguia falar com o ministro da Fazenda e com a presidente daRepública. Agora, não há mais dúvidas sobre isso. (Fonte: Correio Braziliense)