Osbancos continuam em dívida com a sociedade brasileira no que diz respeito aocrédito. É o que mostra estudo divulgado recentemente pelo DepartamentoIntersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apesar de arelação crédito/PIB (Produto Interno Bruto) ter crescido nos últimos anos -passou de 23,8% em dezembro de 2002 para 55,8% em fevereiro de 2014 -, ainda ébaixa quando comparada com a de economia de outros países.
"Ocrédito possui importante papel na economia, uma vez que é essencial aofinanciamento do consumo das famílias e do investimento dos setoresprodutivos", diz a nota, ressaltando ainda a contradição que existe entreum sistema financeiro robusto, como o do Brasil, e a baixa oferta de crédito àsociedade, tanto para pessoas físicas quanto para empresas.
Paraa presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, oestudo reforça que o setor bancário no Brasil não está cumprindo seu papelsocial, em especial os privados. "Os bancos têm de ampliar e facilitar ocrédito com juros e tarifas mais baixas. Seus lucros são astronômicos e elesdevem isso ao país."
Ganho fácil
ODieese aponta como uma das razões para essa contradição - sistema financeiroaltamente rentável e lucrativo e, por outro lado, baixa relação crédito/PIB - ofato de os bancos preferirem aplicar seus recursos em títulos do TesouroNacional que são corrigidos pela Selic. Portanto, quanto maior a taxa básica dejuros, maior o ganho dos bancos, que investem na rolagem da dívida pública.
Ementrevista à Rede Brasil Atual, o economista Amir Khair explicou o que chamoude ganho fácil: "Os bancos têm três fontes de lucro: empréstimos, tarifascobradas pelos serviços e, o caso mais brasileiro, a questão da Selic, ostítulos do governo federal. Os bancos ganham fácil nessas duas formas, a Selice tarifas. São duas molezas que, no resto do mundo, não ocorre nessaintensidade".
Enquantoisso ocorrer, segundo o especialista, não haverá interesse do sistemafinanceiro nacional em facilitar o acesso ao crédito, e os juros e spreadbancários continuarão nas alturas.
Públicos na frente
Osdados levantados pelo Dieese destacam o papel dos bancos públicos nocrescimento do crédito. Se até 2007 a expansão era mais forte nas instituiçõesprivadas, desde a crise financeira mundial, iniciada em 2008, essas empresasretraíram a concessão. Por outro lado, os bancos públicos passaram a protagonistas,principalmente nos financiamentos aos setores industrial, agrícola ehabitacional.
Entrejaneiro de 2008 e dezembro de 2013, os empréstimos neles cresceram 210% emtermos reais, enquanto que nos privados nacionais a expansão foi de 54% e nosprivados estrangeiros de 46%. Com isso, a participação dos bancos públicos nosaldo total das operações de crédito saltou de 36% para 51% no período.

"Vemosque a atuação das empresas públicas foi fundamental para enfrentar a recessão efazer com que o país se mantivesse forte durante a crise financeira mundial. Aparticipação do Estado em setores estratégicos da economia é muito importante edeve ser mantida em qualquer projeto para o país", afirma Juvandia.(Fonte: SEEB SP)
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