Com futuro ameaçado, crédito imobiliário sobe 14,7% e soma R$ 812 bilhões (Por Júlia Moura)

A Caixa Econômica Federal teve um lucro líquido recorrente de R$ 3,263 bilhões no terceiro trimestre deste ano. O resultado, anunciado nesta terça-feira (12) representa uma alta de apenas 0,7% ante o registrado no mesmo período do ano passado e uma queda de 0,7% em comparação ao segundo trimestre de 2024.

A margem financeira do banco estatal somou R$ 14,5 bilhões no período, 0,2% menor do que o registrado há 12 meses e queda de 6,4% ante o visto no trimestre anterior.

Segundo o banco, a queda na margem foi, principalmente, por conta da diminuição de 4,6% nas receitas de intermediação financeira. Esta, por sua vez, foram impactadas por uma redução de 19% no resultado com operações envolvendo títulos de valores mobiliários, especialmente contratos futuros.

O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que mede a rentabilidade do banco, teve uma alta anual de 1,42 ponto percentual, para 9,33%, mas caiu em relação aos 9,54% registrados no trimestre passado.

Apesar de ainda baixa, a inadimplência da Caixa teve um leve aumento de 0,07 ponto percentual em relação a junho, representando 2,27% do total da certeira de crédito. Na comparação anual, os atrasos recuaram 0,40 ponto percentual.

Porém, o provisionamento do banco para créditos de liquidação duvidosa teve fortes quedas de 33,4% no ano e de 29,9% no trimestre, somando R$ 3 bilhões.

Como a carteira de crédito da estatal tem 92,4% de seu saldo com garantias, dado o crédito imobiliário, sua provisão é menor que a dos demais bancos.

A carteira de crédito total da instituição encerrou setembro com um saldo de R$ 1,209 trilhão, crescimento de 10,8% em 12 meses e de 3% em relação a junho.

CRÉDITO IMOBILIÁRIO
O crédito imobiliário, carro-chefe do banco, cresceu 14,7% e 3,6% nos intervalos anual e trimestral, respectivamente, somando R$ 812 bilhões.

Desse saldo, R$ 474,9 bilhões das concessões utilizaram recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), um aumento anual de 17,3% e trimestral de 4,0%. Os R$ 337,3 bilhões restantes utilizaram recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), crescimento de 11,3% em 12 meses e de 3,1% em três meses.

Para os últimos meses de 2024, no entanto, resta disponível apenas 15% do orçamento anual da instituição para esse tipo de financiamento com recursos da poupança.

Recentemente, devido à falta de recursos para o financiamento imobiliário, a Caixa tem deixado interessados na casa própria à espera da assinatura de contratos, mesmo com o processo para a concessão do empréstimo já avançado.

O banco tenta fechar uma complicada equação: demanda por imóveis em alta, alto volume de saques da caderneta de poupança —de onde vêm os recursos para o crédito— e Selic em dois dígitos e retomando ritmo de escalada.

Desde o ano passado, a preocupação com a falta de verba para financiamento é constante em declarações da diretoria do banco público, que teme que não haja dinheiro para emprestar a partir do ano que vem.

A Caixa é líder no financiamento imobiliário, com 67,5% de participação total e 99,6% em relação ao Minha Casa Minha Vida.

RAIO-X DA CAIXA NO 3º TRI de 2024

Fundação: 1861
Lucro líquido no 3º trimestre de 2024: R$ 3,3 bilhões
Clientes (pessoas físicas e jurídicas): 153,2 milhões
Agências e potos de atendimento: 4,2 mil
Funcionários: 83,6 mil
Principais concorrentes: Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Itaú, Nubank (Fonte: Folha de SP)

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