Decisão do colegiado foi unânime; Copom mantém sinalização de que Selic deve ficar neste patamar por ‘período bastante prolongado’ (Por Cícero Cotrim (Broadcast) e Marianna Gualter (Broadcast)) -foto reprodução - 

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 5, manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado. O comunicado fechou as portas para um corte em dezembro, e o mercado se questiona se há espaço para o início de uma redução nos encontros de janeiro ou de março do ano que vem.

A decisão do colegiado, unânime, ocorreu um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que, se fosse diretor do BC, votaria pela queda dos juros. Hoje, o ministro reclamou que debater a Selic virou “tabu” e diz sentir obrigação de opinar sobre o tema. Haddad engrossou coro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que indicou Gabriel Galípolo à presidência do BC e voltou a cobrar a instituição pela queda dos juros.

Essa é a terceira reunião consecutiva em que a autarquia mantém o nível da Selic. De setembro de 2024 até a reunião de junho deste ano, o BC aumentou a taxa em 4,50 pontos, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, perdendo apenas para a alta de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, que ocorreu após o fim da pandemia.


Ao justificar a decisão, o colegiado disse que o “cenário segue incerto sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz o comunicado.

O Copom informou que considera a taxa Selic atual, de 15%, como suficiente para garantir a convergência da inflação à meta, desde que os juros sejam mantidos nesse nível por um período “bastante prolongado.”

“O comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado publicado há pouco pelo Copom, que manteve a taxa básica em 15%.

A afirmação representa uma mudança em relação a comunicações anteriores. Até a última reunião, de setembro, o comitê vinha dizendo que estava avaliando se a manutenção da Selic em 15% seria suficiente para garantir a convergência. Agora, o Copom afirma, pela primeira vez, que esse nível vai levar a inflação à meta.

O colegiado ponderou que continua “vigilante”, e que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados. “[O comitê] não hesitará em retomar o ciclo de ajuste, caso julgue apropriado”, diz o comunicado do Copom.

Juros reais
Com a manutenção da Selic em 15%, o Brasil continua com a segunda maior taxa de juros reais do mundo, de 9,74%, segundo ranking do site MoneYou. O País está atrás apenas da Turquia, com 17,80%. A Rússia aparece no terceiro lugar, com 9,10%. Depois, figuram no ranking Argentina (5,16%) e Índia (4,21%).

O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil - que não estimula, nem deprime a economia - é de 5,0%.

Inflação
O comitê revisou sua projeção para a inflação acumulada em 12 meses até o fim do segundo trimestre de 2027, de 3,4% para 3,3%. Na reunião desta quarta-feira, esse se tornou o horizonte relevante da política monetária.

A projeção continua acima do centro da meta, de 3%. Isso indica que a trajetória de juros embutida no relatório Focus é insuficiente para fazer a inflação convergir ao alvo no período de seis trimestres observado pelo BC. Hoje, as medianas indicam que a Selic estará em 15,0% no fim deste ano e vai cair a 12,25% no fim de 2026.

A cotação do dólar usada pelo comitê nas suas projeções permaneceu em R$ 5,40. A mediana do Focus para o IPCA de 2025 passou de 4,83% na reunião anterior para 4,55% agora. Para 2026, foi de 4,30% para 4,20%. Para 2027, passou de 3,90% para 3,80%.

A projeção do Copom para o IPCA acumulado em 2025 passou de 4,8% para 4,6%, ainda acima do teto da meta, de 4,50%. A estimativa para 2026 foi mantida em 3,6%.

Todas as estimativas levam em conta a evolução da taxa de câmbio conforme a paridade do poder de compra (PPC), a trajetória da Selic embutida no relatório Focus e o preço do petróleo seguindo a curva futura por aproximadamente seis meses, passando a aumentar 2% ao ano posteriormente.

Também nesse cenário de referência, o Copom ajustou as suas projeções para a inflação de preços livres em 2025 (5,0% para 4,5%), em 2026 (3,5% para 3,6%) e manteve as projeções no segundo trimestre de 2027 em 3,2%. A projeção para os preços administrados passou de 4,3% para 5,0% este ano, de 3,8% para 3,4% no próximo e de 3,7% para 3,5% no horizonte relevante. (Fonte: Estadão)

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